segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Nazismo à gaúcha


Existe uma "etiqueta" informal no que concerne os debates sobre qualquer assunto. Todo aquele que já entrou na arena de discussão da internet, por exemplo, a conhece bem. São regras simples: quem apela para xingamentos, perdeu, quem se limita a corrigir a gramática alheia, perdeu, quem tenta estabelecer silogismos toscos, perdeu. 

Outra regra, menos conhecida mas igualmente válida, reza que quem apela para "nazismo" ou "fascismo" para qualificar o outro, mostra uma pobreza de argumentação que beira o patético. Nazismo é coisa séria. Nazismo é crime, e é muito bom que seja. Embora uns e outros tentem menosprezar o horror que o nazismo criou no mundo durante mais de uma década, ele jamais pode ser esquecido ou relegado a uma adjetivação vulgar. Já nos basta a vergonha que passamos por termos um Ministério da Relações Exteriores que se alinha ao que existe de mais chulo no planeta, e que acaba de fazer alusão ao Dia do Holocausto sem sequer mencionar os judeus. Que recusa um embaixador israelense por não concordar com a postura dele sobre um assunto geopolítico, mas não tem os mesmo zelo com diplomatas de países que tem como objetivo declarado a extinção do Estado de Israel, e/ou que suprimem toda e qualquer liberdade democrática. 

Assim, eu sempre vejo uma acusação de "nazismo" com repúdio, principalmente quando ela vem desacompanhada de argumentos válidos. 

Li hoje que Tarso Genro, ex-governador petista do Rio Grande do Sul, foi ao Twitter afirmar que a imprensa livre, que ele chama de "cartel" (o que já é um absurdo completo) pratica "nazismo" no seu tratamento ao ex-presidente Lula. Citou a Veja, o Estado de São Paulo, a Folha de São Paulo e O Globo. Segundo ele, essas publicações perseguem o ex-presidente, não por eventuais crimes que cometeu, mas porque simboliza um cantinho para os "de baixo na democracia".

Que o Sr. Tarso Genro tenha lá seu conceito muito particular sobre o papel da imprensa numa democracia, vá lá. Para petistas, imprensa boa é aquela que é a favor. A outra, aquela que não se submete aos encantos da proximidade com o Poder, essa não presta. Tudo bem.

Mas tentar traçar um paralelo da atuação de órgãos da imprensa com o nazismo, chega a ser asqueroso. O ex-governador, além de relativizar o caráter hediondo do nazismo, tenta colar na imprensa não-cooptada um rótulo que, na hipótese de ser usado (o que desaprovo), serve melhor para qualificar as ações do PT e do governo comandado pelo partido. Ao rotular a imprensa como "nazista", Genro a criminaliza. E, por conseguinte, prega a sua extinção ou censura - porque quem comete crime tem que ser impedido, certo? É mais um arroubo liberticida dessa gente que não suporta a controvérsia, se ofende com fatos, acha que não cabe à imprensa investigar nada e, caso descubra, que se cale. O PT é pródigo na tentativa de calar a imprensa que não lhe presta vassalagem. Já tentaram muitas vezes, e seguem tentando. Não conseguem impor abominações como "Lei de Meios" e outras formas de censura, porque não tem cacife político para tanto. Senão, já teriam feito.

Senhor Tarso Genro, os nazistas não gostavam da imprensa livre, o senhor sabia? Uma revista como a Veja não ficaria 24 horas funcionando em Berlim de 1938, antes de ser empastelada pelos agentes da Shutzstaffel, a famigerada SS. Seus editores e redatores seriam fuzilados, por fazerem crítica. E Hitler ou Goebbels certamente diriam que eles foram mortos porque perseguiam o Grande Líder, "não pelos crimes que cometeu", mas porque ele "simboliza um cantinho para os de baixo na democracia". Sim, senhor Genro, a proposta do Führer era essa; "salvar os pobres da Alemanha da sanha dos judeus". Era empulhação, como se viu. Da mesma forma que a empulhação que vemos agora. "Cantinho aos "de baixo"? Me poupe, senhor Tarso Genro.  

Pode ser que o ex-governador pense mesmo que jornais como Estadão, Folha, O Globo e revistas como a Veja odeiem, por alguma razão estranha, os "de baixo", e façam de tudo para impedir-lhes "um lugar na democracia". Eu sinceramente duvido que ele acredite nisso. Mas a frase soa como música aos ouvidos dos boçais que preferem não ver a roubalheira escancarada que o PT instalou nesse país. Eu e milhões de outras pessoas pensamos diferente. A nosso ver, a imprensa "persegue" Lula e seus sequazes, porque ALGUÉM precisa ter a coragem de fazer isso, já que a Justiça desse país parece que se acovardou diante do "Grande Líder". E porque estamos cansados, fartos, exaustos, de tanta roubalheira, tanto abuso, tanta impunidade. E isso nada tem a ver com nazismo - muito pelo contrário.

(na foto, uma cena da Reichskristallnacht, a "Noite do Cristais" de 1938)




2 comentários:

Unknown disse...

PERFEITO. É SEMPRE A MESMA LENGA-LENGA DE SEMPRE. UM DEFENDE O OUTRO PORQUE TÊM TODOS OS RABOS ENGANCHADOS EM ALGUMA COISA. E NÃO É ESSE SENHOR, O TARSO, QUE DEIXOU O RIO GRANDE DO SUL ARRUINADO? INTERESSANTE.

Unknown disse...

Comentário pútrido vindo de um guasca que já foi Ministro de Justiça deste país. Que junto com "cumpanheiros" de partido que também governaram o RGS, estado próspero e um dos mais ricos da União, o levaram á falência por excesso de roubos e má administração. Fizeram do porto de Rio Grande a maior entrada e saída de tudo que é ilícito neste país. E fizeram deste lindo estado, moradia de bandidos trazidos de todas as partes do mundo.